1 Tenho pensado na crise de que se fala.
Creio que crise é, antes demais, um sentimento, um estado gerado por uma situação diferente, não prevista, e para a qual não parece existir uma solução rápida e eficiente. Crise será talvez o nome pelo qual chamamos à nossa incapacidade de reagirmos a uma situação que não dominamos e sobre a qual perdemos o controlo.
2 no-money = no-architecture (?)
Se de facto a europa está a mergulhar numa grave recessão económica:
quando e como chegará a crise à arquitectura?
3 "Frozen Skyline"
E eis que tropeço num artigo intitulado "Frozen skyline" de Jonathan Glancey no Guardian. O título, mais feliz do que o conteúdo, concretiza a possível estagnação da arquitectura nos próximos anos.
Glancey começa por lembrar que há 30 anos, durante a última recessão, 40% dos arquitectos perderam o emprego, e segue dizendo que a crise já começou a atingir os grandes. Recentemente o maior projecto de Frank Gehry em Inglaterra caiu porque o promotor não conseguiu encontrar financiamento para os novos 450 apartamentos na zona de Brighton.
No final do artigo Jonathan Glancey nomeia os destinos mais atractivos da temporada: Dubai, Abu Dhabi, India, Russia e Africa do Sul, ou seja, onde há liquidez, investimento e emprego para arquitectos.
4 Acredito que as limitações, sejam económicas ou de outro tipo, estimulam o processo de projecto. Por isso estou optimista e expectante porque quando a crise chegar à arquitectura teremos dados que colocarão em causa as formas de se fazer a arquitectura e principalmente as formas de a pensar.
E isso é bom.
o desconexo
18.11.08
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3 comentários:
Da pequena viagem que fiz agora por essa europa, percebi que a crise vai-se fazer sentir nas indústrias que mais recorrem ao crédito, e a indústria da construção é inevitavelmente a primeira. E o principal problema não vai ser onde há dinheiro (caso da suiça), mas sim onde se recorre ao crédito para construir (vulgo 'investir'). Os grandes investidores estão a recuar nas grandes encomendas (ex: os BIG perderam 5 grandes projectos na mesma semana), e os 'reajustamentos' dos ateliers a nível humano já começaram em grande.
Esperemos que, como dizes, seja motivo para fazer menos e melhor, e que isto seja visto como um desafio.
abraço
de facto, há que ver o lado bom disto... li o artigo do Jonathan Glancey no Guardian e comparto com ele uma coisa (e tenho esperança que assim seja!): as limitaçoes vao fazer com que a arquitectura se torne mais crua, mais essencial, conceptualmente levada ao limite, menos supérfula e imagética. começo a estar farto de imagens bonitas e show-offs. perde-se o critério... No entanto, há investimentos que sao anunciados, caso do 2o Guggenheim em Bilbao...
Quanto mais alto, maior é a queda:
para além dos projectos dos BIG que o Mário referiu, a torre do Foster para a Russia também tombou... e a farmacêutica suiça Roche anunciou que já não vai construir o que seria o edifício mais alto da confederação helvética saído do atelier dos H&dM (a Roche alegou dificuldades técnicas).
O Guardian para além de acompanhar as quedas, ainda diverte a malta ao perguntar Recession? What recession? enquanto mostra um vídeo da inauguração de um hotel no Dubai: Recession Dubai style.
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