o desconexo

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28.2.12

ring! ring!


Quer se concorde, ou se discorde do conteúdo, o New Yorker montou uma das mais divertidas 'críticas' ao filme The Artist. Uma 'crítica' que assenta como uma luva ao criticado, e que não 'criticando' em demasia e utilizando a subtileza como subterfúgio, explorou da melhor forma aquilo em que The Artist se fundou.

Uma nota breve para escrever que o Pritzker 2012, hoje anunciado, não foi assim tão diferente... Apanhou-me de surpresa. E certamente não fui o único. Sejamos honestos, deve ser ínfimo o numero de intelectos ocidentais capazes de explicar com conhecimento de causa porque é que o prémio foi para Wang Shu e o trabalho do Amateur Architecture studio. Se se ignorar a declaração do juri, a explicação possível e conveniente à massa crítica é dizer que o comité do Pritzker começa a mostrar o que já se sabia. As estrelas cadentes já caíram todas e o desalento pelo main-stream esfumou-se no ar que sobrava.
Das duas, uma. 'People forget', o assunto vai durar uma semana e meia entre os media e as conversas de café. Ou vai despontar um interesse súbito no trabalho do AAS e artigos extensos, quase tratados, irão ser escritos sobre a postura 'subculture' da arquitectura de Wang Shu e a importância do traço desta arquitectura nos anos que virão. Hoje eu acredito na primeira hipótese.
Seria oportuno lembrar que um prémio, ou o resultado de um prémio está muito mais dependente da constituiçao do júri do que qualquer ditadura da 'tendência' (ou da queda da ditadura). Sem tirar o mérito à produção do AAS (que não conheço o suficiente), não seria de todo falso dizer que o Pritzker 2012 saiu desta vez com um formato de (bom) golpe de marketing, à semelhança de uma declaração parcial de interesses a favor da renovação do discurso. Político portanto, e afinal, como num filme mudo, 'the mood' é uma questão sonora. A fundação faz tarde o que se sabia que iria fazer, ajudar a contar a história da mudança de paradigmas num golpe de estratégia 'ideologica' em versão softcore.
De volta ao New Yorker... Como David Denby e Richard Brody em "The Critics", o juri do Pritzker entrega este ano um prémio bastante mudo a uma arquitectura discreta, 'mild at heart' e quase silenciosa.

"Ring! Ring!"
"Sorry, about that."
"It's on vibrate now."

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