o desconexo

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10.10.13

desenhos perseguidores

Tenho desenhos que me perseguem. Chamo-lhes desenhos perseguidores.
Quando se juntam-se em número suficiente, organizam - sozinhos - noites de vigília. Alguns são autênticas marteladas nos olhos; marteladas bem dadas se imprimiram no interior do crânio - talvez seja por causa disso que o que o meu osso parietal me lembra tanto Lascaux.
Os meus desenhos perseguidores deixam marcas que podiam correr de perto com os melhores trabalhos do Nannetti. Esqueçam Lascaux. O meu osso parietal é uma obra do Nanetti. Tenho outros, lavrados a escopro, em cantos difíceis de chegar, que só os vejo ao espelho porque deixaram socalcos na minha cabeça careca.
Quando temos um, dois, mil desses desenhos perseguidores gravados na cabeça, até o que se ouve, soa diferente. O eco é uma nova história.
Quando se distraem, os desenhos perseguidores passam a ser perseguidos, e a vigília passa a chamar-se insónia.


A Louise Bourgeois chamou a este Femme-maison. Encontrei-o nas páginas de uma AA dos anos 80. O original é assim e já o tínhamos visto numa versão "cover" de uma Joelho que passou por aqui há uns meses atrás.

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