A conversa começou na hora do café. Subitamente sem perceber o fio da meada falou-se sobre a exposição Vide, une rétrospective montada no Pompidou.
A verdade é que o tema é bom. Lembrei-me do Y.Klein e acho que a história começou aí.
O que é que se vai ver quando se visita uma exposição sobre o Vazio?
-Nada... O Nada.
E nisto alguém observou: passa-se mais tempo a ler os textos descritivos do que a ver a exposição. Embalado pela conversa reforcei: se um trabalho sobre o Vazio é fundamentalmente conceptual porque é que o entendimento depende tanto de um texto? Daqui para o lugar comum de o-que-é-arte e o-que-não-é-arte foi um pulo e ninguém me respondeu.
Antes que os cafés arrefecessem ainda houve tempo para ouvir o relato de um episódio singular passado num comboio:
-O seu bilhete por favor.
-Aqui está.
-Alguma das bicicletas na entrada da carruagem lhe pertence?
-Sim, uma.
-Tem o bilhete para a bicicleta?
-Não.
-Presumo que sabe que é obrigatório pagar bilhete para transportar a bicicleta? Sem não tem o bilhete para transporte da bicicleta tem de ser penalizado.
O dono da bicicleta levantou-se, dirigiu-se à bicicleta, desmontou o pneu dianteiro, o pneu traseiro, o selim e perguntou ao revisor se ele já tinha ouvido falar no Marcel Duchamp.
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