Vista da instalação
"Playing the building" David Byrne, Fargfabriken, Estocolmo 2005
Foi em dois mil e cinco que David Byrne, a cabeça mais falante dos quatro musicos, apresentou a instalação "Playing the building" no Fargfabriken, um edifício industrial do século XIX transformado em centro experimental para as artes em Estocolmo.
A instalação concentrou-se num armadilhado orgão de tubos colocado no centro da nave do edifício. Da traseira do órgão, uma centena de cabos foram amarrados a diferentes pontos do edifício, de forma a que cada toque de tecla correspondesse a uma acção específica infligida ao complexo. O existente, activado pelo dedo do homem, pelo toque da tecla, produziu uma sinfonia "do it yourself" (ou melhor: "explore it yourself") composta por colcheias de sibilos que atravessaram a canalização, por semibreves de antigos motores de clarabóias que resmungaram em diferentes tons e ainda percussões de ecos vibrantes saídas da estrutura de ferro fundido.
O que quis Byrne fazer com isto? Pôr o espaço a cantar, ou se preferirem, transformar a arquitectura num instrumento; opções que não são exactamente a mesma coisa; visto através do primeiro monoculo excluímos o instrumentista, ao invés, no segundo monóculo, está o instrumentista dentro do seu próprio instrumento. (Recomendo então a visão binocular, uma espécie de "today i discovered stereo sound".)
A instalação "Playing the building" explora a construção para lá dos limites do conhecimento dito normal. O visitante depara-se com a possibilidade de ultrapassar o estado de utilizador para se tornar activador do espaço-som. O activador torna-se (ainda por cima) uma espécie de produtor cognitivo. Os outros visitantes escutam e olham para ver como é? onde é? como faz?
O subversor engenho explora o inexplorado para produzir o inesperado. A acção torna-se num mecanismo de conhecimento do espaço e principalmente da matéria.
Como o conceito é daqueles fortes - os que deslocados do contexto inicial continuam a espantar - David Byrne levou "Playing the building" ao Batterie Maritime Museum, um antigo estaleiro naval de Manhattan (2008), e este ano vai re-instalar o mecanismo no Roundhouse, um pavilhão industrial londrino do século XIX, também transformado em centro para as artes.
Muitos dirão que são grunhidos enquanto outros arriscam dizendo que são "barulhos". Chamem-lhe música se quiserem, mas lá no fundo é arquitectura.
O subversor engenho explora o inexplorado para produzir o inesperado. A acção torna-se num mecanismo de conhecimento do espaço e principalmente da matéria.
Como o conceito é daqueles fortes - os que deslocados do contexto inicial continuam a espantar - David Byrne levou "Playing the building" ao Batterie Maritime Museum, um antigo estaleiro naval de Manhattan (2008), e este ano vai re-instalar o mecanismo no Roundhouse, um pavilhão industrial londrino do século XIX, também transformado em centro para as artes.
Muitos dirão que são grunhidos enquanto outros arriscam dizendo que são "barulhos". Chamem-lhe música se quiserem, mas lá no fundo é arquitectura.
4 comentários:
Exemplar...
Fantástico :)!
muito obrigada :)
:)
Depois de escrever sobre o "Playing the building", comecei a pensar em que outros edifícios gostava de o ver instalado.
:)
Podemos saber que edifícios seriam ?
O primeiro que pensei foi a torre Eiffel.
Julgo que a instalação à escala de uma cidade podia resultar bem... mas depois apercebi-me que só funciona se existir uma "caixa de ressonância"... e a torre Eiffel é só um esqueleto. : )
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