Continuam as peregrinações... a lugares de culto em jeito de culto do lugar.
Em 1961 Franz Fueg ganha o concurso para a igreja de S.Pio em Meggen, arredores de Lucerna.
Poderia aqui falar-se do exercício da adição: somar estrutura, revestimento e luz num volume paralelepipédico sobre um embasamento de betão.
Após o primeiro ataque à composição, debitar-se-ia alguma informação técnica referindo os vinte e cinco metros e meio por trinta e sete metros e meio com uma altura de treze metros e meio, e ainda haveria tempo para fazer referência às placas de revestimento com cento e dois centímetros de altura por cento e cinquenta centímetros de largura.
Poder-se-ia depois abordar uma mão cheia de evidências miesianas que o próprio autor não negaria, e mais, sublinharia com ênfase.
Em seguida discutir-se-ia o caracter vertical da estrutura e a demarcada evidência de assumir o fim da verticalidade dos montantes metálicos com o módulo da cobertura.
E outras coisas haveriam a relatar sobre a 'aborrecida' repetição da estrutura que procura a irrelevância para atingir o seu próprio 'desaparecimento'.
Mais tarde não se deixaria por referir a qualidade genérica de 'pavilhão industrial', e a particularidade 'nobre' das folhas de mármore translúcido, entre o banal e o extraordinário (termos que calham sempre bem numa apreciação deste tipo).
Aludir-se-ia também a uma espécie de 'neutralidade amável' (roubando o termo a Alison Smithson), e ao mesmo tempo, à reverberação tonal do envelope no interior.
Lá mais para o fim da conversa entusiasmada acentuar-se-iam os comentários subjectivos, declamados com a importância fulcral que lhes é devida, sobre esta 'igreja que é contemplativa sem existir para ser contemplada', ou então, 'não parecendo o que é, revela-se mais do que parece'.
As coisas exclusivas do espírito discorreriam sobre a atmosfera, fim último de toda a arquitectura, para se referir à dimensão supra-real do espaço criado.
Os motivos puramente sensoriais dominariam apoteoticamente o final da discussão chegando mesmo a falar-se de fundamentos meramente empíricos e justificações indiscritíveis para dizer que a igreja de Fueg é uma obra notável.
Algumas fotografias possíveis em dia chuvoso...
Em jeito de bónus, os dados mais técnicos...
4 comentários:
Tiago,
Notável a obra :)
Notável o texto e fotos :)
muito obrigada pela generosidade de partilhar as suas visitas a lugares de verdadeiro culto...
se para uns é pouco :)
para mim é muito :)
Alma,
obrigado pela visita e pelo 'feedback' !
...Para breve mais dois lugares de culto muito 'parecidos'.
: )
mt obg, T
bela posta
será que podes desenvolver sobre a última imagem?
são duas folhas de mármore, pelo interior e pelo exterior, com um caixa de ar de permeio?
AM,
salvo erro, nao ha ar. é uma folha simples de marmore... mas logo revejo o detalhe e digo mais qualquer coisa.
sei que ha problemas de condensaçao...
Enviar um comentário