o desconexo

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18.7.07

beautifull world


DEVO - Beautifull World
do album New Tradicionalists (1981)

Mark Mothersbaugh - co-fundador dos DEVO e pai da DE-EVOLUTION - fala sobre a banda e o trabalho dele aqui e aqui!

24.4.07

e eu... não vou nada bem!

Seu Jorge (que já apareceu neste blog aqui) fez uma versão de Chatterton, de Serge Gainsbourg.
A música está no album CRU que ele lançou em 2004. A letra é brilhante:

Sangue, Sangue, Sangue

Chatterton, suicidou,

Kurt Cobain, suicidou,

Getúlio Vargas, suicidou,

Nietzsche, enloqueceu,

E eu, não vou nada bem....


Chatterton, suicidou,

Cléopatra, suicidou,

Isócrates, suicidou,

Goya, enloqueceu,

E eu, não vou nada nada bem...


Chatterton, suicidou,

Marc-Antoine, suicidou,

Cleópatra, suicidou,

Schumann, enloqueceu,

E eu, puta que pariu, não vou nada nada bem!


No meu zapping internético descobri o Seu Jorge num concerto em Paris a cantar Chatterton. Prefiro a versão-estúdio. Ao vivo, Seu Jorge, faz uma interpretaçao bastante mais performativa.


E há também uma versão, ao vivo acustico, onde Seu Jorge canta com uma amiga.


Esta é a letra na versão original de Serge Gainsbourg:

Chatterton suicidé
Hannibal suicidé
Démosthène suicidé
Nietzsche fou à lier
Quant à moi
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

Chatterton suicidé
Cléopatre suicidé
Isocrate suicidé
Goya fou à lier
Quant à moi
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

Chatterton suicidé
Marc-Antoine suicidé
Van Gogh suicidé
Schumann fou à lier
Quant à moi
Quant à moi
Ça ne va plus très bien

10.3.07

Reich

'Eight Lines' - Steve Reich
2005

21.1.06

GLASS, CONCRETE & STONE
It is just a house, not a home
lyrics: David Byrne
DAVID BYRNE - growing backwards


Now, i´m walking ate the crack of dawn
to send a little money home
from here to the moon
is risin´like a discotheque
and now my bags are down and packed for travelling


Lookin' at happiness
keepin' my flavor fresh
nobody knows I guess
how far I'll go, I know
so I'm leavin' at Six O' Clock
meet in a parkin' lot
Harriet Hendershot
sunglasses on, she waits by this

Glass and concrete and stone
It is just a house, not a home.

Skin, that covers me from head to toe
except a couple tiny holes and openings
Where, the city's blowin' in and out
this is what it's all about, delightfully

Everything's possible
when you're an animal
not inconceivable
How things can change, I know

So I'm puttin' on aftershave
nothin' is out of place
gonna be on my way
Try to pretend, it's not only

Glass and concrete and stone
That it's just, not a home.
And its glass and concrete and stone

It is just a house, not a home
And my head is fifty feet high
Let my body and soul be my guide



16.5.05

Tom Zé esteve recentemente em Portugal para uma série de concertos de divuldação do seu último album. Publico aqui um texto que escrevi para a NU - Revista do Nucleo de Estudantes de Arquitectura do dARQ.

“Digo claramente, que eu vou irritar você / vou desconcertar você, para que as coisas fiquem claras”

Tom Zé, compositor baiano, a par de nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil, foi um dos fundadores do movimento tropicalista, um movimento que aliou a música popular do Brasil aos ruídos da grande cidade e marcou indubitavelmente o som da música brasileira no final dos anos 60. Num regime de ditadura militar, nos anos 70, Tom Zé não quis ou não soube, (e a ainda bem!), alimentar a mainstream com canções de fácil digestão, e quem não alimenta o papão sujeita-se a desaparecer. Entre 1973 e 1990, Tom Zé foi apagado da história “como se eu fosse o Trotsky da revolução Bolchevista. O Stalin do sucesso tirou minhas fotos de todos os lugares (…) O Stalin é o consumo. É a gangorra dos média. A vida humana é mesmo assim, todos nós”.
Durante este período Tom Zé, incansavelmente, pesquisou, escreveu, compôs e gravou, não segundo uma lógica copy paste mas numa atitude mais subversiva e experimentalista, um vale tudo em torno das sonoridades vernaculares. Um livro de John Cage, “De segunda a um ano”, e uma frase de Buckminster Fuller “não estamos no tempo da posse, mas do uso”, são dois elementos importantes para perceber a dimensão das acções de Tom Zé. Com um alguns motores de electrodomésticos criou uma pequena orquestra, o “enceroscópio”, com uma enceradeira perra; liquidificadores, aspiradores aliados a microfones cujo o objectivo era captar a vibração do metal e não o ruído do electrodoméstico. E também a “serroteria”, onde o serrote funciona como o arco do violino produzindo sons de incisão em canos de PVC, madeira e outros materiais. Produz-se então um amplo catálogo de sons, um sistema de de ruídos-musicais, que Tom Zé se encarrega de fundir na desconstrução do samba brasileiro. Tom Zé compara o seu trabalho com novos instrumentos com o domar algo, e é através de processos de experimentação que há uma aproximação do que pode ser domável, desde electrodomésticos a ferro velho. Criou a “Orquestra de Hertz”, juntando a um teclado diversas fitas em que gravava diversos instrumentos tirados de discos de música clássica, gravados em diferentes frequências, violinos das sinfonias de Bethoven a 10 mil hertz, coros das Paixões de Bach a 12 mil hertz, criando um embrião do que hoje conhecemos por samplers. Quando pressionadas, as teclas do teclado produziam interferências na composição sonora. Este percurso permitiu explorar novos métodos de composição, novas sonoridades, novos timbres. A esta fusão junta-se a voz-instrumento de um escritor atento e crítico do sistema, dos média, do mundo. Aliterações, trava-línguas, trocadilhos e momentos non-sense, entre o ridículo e o brilhante, a graçola e mensagem-crítica, um dadaísmo musical. Tom Zé grava os seus três LP´s mais experimentais Todos os Olhos (1973), Estudando Samba (1976) e Nave Maria (1979).
Desiludido com a sua situação de marginalizado e Tom Zé ponderou abandonar a música, mas foi em 1990 que a mão de David Byrne, ex-Talking-Head, o veio resgatar de 17 anos de ostracização. David Byrne descobriu Tom Zé ao ouvir o álbum Estudando Samba, e compilou 14 temas de Tom Zé precisamente do período 73-79, lançando Brazil Classics, Vol. 4 – The Best of Tom Zé, com o selo da sua Luaka Bop. Com 54 anos Tom Zé foi então apadrinhado e lançado para abalar a indústria fonográfica das Américas. O álbum The Best of Tom Zé foi considerado um dos dez melhores da década de 90 pela revista Rolling Stone. Só após o sucesso no E.U.A., Tom Zé foi reconhecido no Brasil e na Europa.
A crítica social é elemento constante nas composições de Tom Zé e em 2003 compõe um discurso para o Companheiro Bush, uma canção política, uma reacção à intervenção americana no Iraque. Esta faixa integra a banda sonora de "Fahrenheit 9/11", o documentário de Michael Moore. Em 2004 passou pelo Festival Musicas do Mundo em Sines.
Continua a não ser de fácil audição a música de Tom Zé, apesar de reconhecido, continua a navegar ao lado da mainstream, longe das flutuações de gosto público imperialista e dominante, com um trabalho mais estável, e sonoridades mais domadas fruto de uma coerência metódico-criativa que construiu ao longo dos seus 30 anos de músico. Observando a globarbarização mundial, Tom Zé continua incansável trilhando um percurso desconcertante, seguindo o seu caminho, cantando a crítica por entre os seus ruídos e melodias, numa simplicidade inquietante de ritmos sambados.