30 de novembro foi dia de referendos.
Os suiços lá foram às urnas meter as suas cruzinhas sobre numerosos assuntos de entre os quais estava a pergunta sobre o novo museu cantonal de belas artes de Lausanne, que os visitantes mais assíduos desta janela leram aqui.
A questão para os suiços do cantão de Vaud era clara e simples:
Acceptez-vous le décret du 20 mai 2008 accordant un crédit d'investissement de CHF 390'000 dans le cadre de la construction du nouveau Musée cantonal des Beaux-Arts (MCBA) pour les études et la mise au point du projet Ying-Yang en vue de sa mise à l'enquête sur le site de Bellerive, la détermination du montant de son investissement et la détermination de ses coûts d'exploitation ?
Acceptez-vous le décret du 20 mai 2008 accordant un crédit d'investissement de CHF 390'000 dans le cadre de la construction du nouveau Musée cantonal des Beaux-Arts (MCBA) pour les études et la mise au point du projet Ying-Yang en vue de sa mise à l'enquête sur le site de Bellerive, la détermination du montant de son investissement et la détermination de ses coûts d'exploitation ?
100 722 nãos ganharam aos 91 349 sims com uma taxa de participação que chegou aos 51%, resultado que afundou o projecto do novo museu à beira do lago e remeteu todo o processo a um quase-ponto-de-partida. Os opositores ganharam a principal batalha que não era contra a ideia e a necessidade de um novo museu mais contra a sua implantação à beira do lago por príncipios de salvaguarda da paisagem e do património natural.
Não negligencio o impacto que este rochedo sem janelas à moda de museu contemporâneo teria nas margens do lago, mas o contra-senso é que o lugar previsto não é mais do que um terreno "baldio" ao lado de um tapete de alfalto que serve de parque de estacionamento onde anualmente montam as barraquinhas da feira popular.
Findo o referendo o brainstorming sobre o novo museu anima agora os círculos culturais e políticos da cidade.
Lausanne precisa de um novo museu basicamente por duas razões.
Primeiro: porque o Palais de Rumine no estado em que está programado não tem disponibilidade mural para expor a totalidade do acervo que tem enterrado na cave
Segundo: porque a adormecida Lausanne precisa de acção. Digo acção, digo uma arquitectura que sirva os ideais das altas instâncias d'um ícone-à-maneira com um programa que sirva o dito, digo mini-efeito bilbao. (A localização proposta, à beira do lago, deslocada dos principais eixos de movimentos urbanos e longe do centro, aspirava isso mesmo.)
Para já a maioria dos Lausanoises não percebeu isso, e os que perceberam não quiseram o museu à beira do lago e por isso votaram não. É o poder da democracia participativa.
1 comentário:
faz-se tanta (perdoa-me a expressão) "cagada" arquitectónica e urbanistica por aí fora que quando aparece uma oportunidade dessas nao se quer desperdiçar...
É pena que coisas aparentemente evidentes para tecnicos/profissionais da arquitectura nao seja assim tao evidente para o cidadão comum... Mas essa democracia participativa é que permitiu que a Suiça seja - historicamente - um pais de gente com voz.
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