Esquema de conteúdo/tempo da palestra de Beatriz Colomina "Towards a Radical Pedagogy" 29.10.2013
Apercebi-me que se quisesse começar este texto debaixo do guarda-chuva da honestidade só teria de escrever duas notas: a primeira para apresentar o contexto e a segunda para resumir um estado de espírito:
Ontem, Beatriz Colomina, um nome de peso da investigação em arquitectura ocidental, apresentou uma dissertação sobre pedagogias radicais no ensino da disciplina a um auditório meio vazio. Entre os mornos aplausos que selaram o fim da conferência, Colomina parecia feliz e eu desapontado.
Como
bon élève costumo seguir a Colomina na
www, por isso, em espírito de concerto-ao-vivo esperava ouvir pelo menos alguns
b-sides. No palco, quem tanto escreveu sobre o assunto, esqueceu-se que a arquitectura também é um tema pilhado pelo excesso de informação em linha, e a palestra soou por momentos a
playback.
"Towards a Radical Pedagogy" foi a proposta da conferência e é o nome do mais 'recente' projeto do
Program for Media+Modernity que Colomina dirige em
Princeton e que veio apresentar. Em palavras suas: é uma investigação
"on going and multiyear".
Colomina, num golpe de marketing e boa fé, começou com uma boa meia hora do seu trabalho passado, em formato
best of, desde o
Clip/Stamp/Fold e as
Little Magazines,
Cold war Hot Houses,
Learning from Levittown, até ao glamoroso
Architecture in Playboy. Tudo isto a uma velocidade de um slide e meio por segundo, pontuado por dezenas de fotografias documentais dos produtos de cada um dos projectos. A par do notável e fatigante dinamismo, Colomina esforçava-se em sublinhar a ideia de colaboração a favor da tríade Investigar-Produzir-Expor. Sem nunca se socorrer de vocábulos do universo da curadoria, fez desfilar muitas fotografias das suas exposições em outros tantos lugares, sempre com personagens de peso da sua
entourage, da história recente da arquitectura. Falava do 'como' - como montámos a exposição, o que fizemos na exposição, o que publicámos depois da exposição - atropelando muitas vezes o 'porquê'. Se por esta altura fervilhava no auditório a inquietação dos que queriam ouvir falar de
"Radical Pedagogy", Colomina insistia que só é possível comunicar produzindo objectos de comunicação:
"learn from communication with communication".
De regresso ao slide de abertura, restringindo a escolha aos anos 60 e 70, Colomina nomeou os casos de estudo, sendo que cada um deles foi cuidadosamente dissecado por investigadores do seu programa. Contavam-se vinte e oito
case-studies: dezoito nas Américas (a maioria no sul), nove indicados na Europa e um na Ásia (mas com os dedos londrinos dos
Smithsons). Para Colomina, a chave para identificar estas pedagogias radicais passou (e passa) por reconhecer que são um tipo de produção de arquitectura
"in their own right", ou seja, foram encaradas como novas formas de expressão, que na altura, surgiram acompanhadas por novos modelos de comunicação e em evidente embate com as instituições onde se geraram. Quando Colomina começou a concretizar a forma como o seu grupo de trabalho começou a 'arrumar' o multiformalismo destas experiências, esgotou-se o tempo de antena e morreu na praia o que devia ter sido o centro da palestra. Comum aos
case-studies de
Radical Pedagogy esteve a vontade de desafiar um pensamento normativo
(1) e - como sublinhou Colomina - o que naquele período era
avant-garde, ou se dissolveu no ar, ou foi assimilado pelo
main-stream, porque
"one cannot be radical forever" (
+).
(1) Sem que tenha abordado a questão, suspeito que há uma indício a considerar entre a implementação de programas de PhD e o atenuar das so-called pedagogias radicais.
Da coincidência ou da sincronização dos tempos, o dArq publica amanha a Joelho #4, uma versão-papel do seminário "Ensinar pelo projeto/Teaching Through Design" onde pude falar das aventuras do atelier de projeto Lacaton&Vassal na EPFL.